Adoro essa foto. Esse kanguru, eu comprei no shopping em Recife.
Foi a primeira coisa que comprei pra ela! Adorava levar ela assim ,
encostada no meu coração!
Antes da minha barriga começar a aparecer, eu estava tão
feliz, absurdamente feliz, como nunca fiquei em toda a minha vida! Eu me sentia
mais iluminada do que a Marquês de Sapucaí nos dias de desfile das escolas de
samba no carnaval! Eu me sentia em estado de graça. Uma vontade louca de
comprar roupas especiais para grávidas, eu queria que o mundo compartilhasse
com a minha gravidez!
Comprei as roupas novas e queria ir
passear na Beira-Mar de noite com o meu marido. Eu sentia uma necessidade
enorme de me mostrar grávida e adoraria que alguém me perguntasse ou me olhasse
porque eu estava grávida! Era uma coisa de maluca! Assim: se alguém me
surpreendesse e perguntasse ou afirmasse se eu estava grávida, e ela me daria
os parabéns, nossa! Que maravilha! Eu ficava mais consciente que era verdade! E
ouvi muito e até me convenci, mas bom mesmo, foi qdo me vi no espelho com a
barriga grande, já. Tive sinais de tristeza também durante esse período. Tinha
perdido toda a minha família e não tinha ninguém tão importante para eu mostrar
e contar o quanto eu estava feliz. Mas minha criança estava a caminho e
sozinha, eu não estava mais! Ah! Como isso é valioso, é tudo! E minha filha
desde esses primeiros dias até hoje, sempre significou “TUDO” na minha vida! Eu
entendia a vida agora só eu e ela! Eu tinha meu marido, que estava feliz como
todos os pais ficam. A minha loucura era uma coisa de me deixar com tanto medo
de perder aquela criança, que pirei! Acabei indo várias vezes ao hospital
alegando coisas que depois o médico descobriu que eram tudo psicológico. Claro
que eu sentia as dores que dizia, tanto que até internada fui duas vezes. O
médico percebeu porque eu antes tinha um medo enorme, medo de injeção kkkk,
achava que só passaria a dor com injeção. Remédio eu dizia que não fazia efeito
(kkkkk). O médico sempre dizia que tudo estava muito normal, comigo e com o
bebê! Como eu já tinha perdido um Bebê, num aborto espontâneo, causou essa
doidice na minha cabeça! O médico percebeu que era psicológico e ao invés de me
dá remédio, eu pedia a injeção, que eu achava que era fortíssima e a dor
passava. Então ele colocava soro na injeção e fazia o efeito que eu
esperava. Eu pensava que era remédio forte e ficava boazinha! Só fiquei sabendo
depois que a minha filha nasceu! Imagina como me senti? Kkk Deixa pra lá! Kkk A
parte boa era comprar as coisas, berço, mamadeira, fraldas ...Nossa ! Eu me
sentia brincando de boneca! Era um sonho... O sonho mais bonito que eu ia ter!
Deus! Eu me lembrava da minha família, minha mãe, meu pai, e meu único irmão e
ficava imaginando a alegria de cada um. Nessa hora eu chorava, mas na mesma
hora, pensava que ia ter a melhor companhia do mundo! E o medo de não saber ser
mãe! Eita, cabeça ansiosa! Eu já tinha tudo pronto, nada faltava, graças a
Deus!
Surpresa foi quando fui ao médico para consulta de rotina e
ele disse que eu fosse para a maternidade que ele ia fazer o parto no dia
seguinte de manhã!
Minha cunhada tinha passado aqui em casa
e disse que precisava lavar tudo do Bebê e levou para a casa dela todo o enxoval
da minha filha! Fui para o hospital e meu marido depois de me deixar lá, foi
atrás do enxoval com a irmã dele. Ninguém esperava por isso agora! No quarto do
hospital, sozinha, que falta da minha família eu senti! Mas eu ia conversando
com eles, como se lá estivessem comigo! Pensava também se tudo ia correr bem no
parto. Confiei muito em Deus, e foi assim que muito cedo, no dia seguinte, o
meu médico, que era meu primo, passou no meu apto do hospital e me avisou que
estava na hora. Nossa! Deitei naquela maca, para ir pra sala de parto. Chegando
lá, os médicos anestesista, pediatra, o obstetra e nem sei quantas enfermeiras
tinham lá! Sentei-me na mesa de operação, com um medo que me deixou
literalmente, muda! O anestesista tentou brincar comigo, me distraindo em vão,
perguntando algo para me detrair e eu relaxar mesmo. Quando eu respondia, kkkk
a minha voz era só um fiasco de som trêmulo e fino, saindo com muita
dificuldade da minha boca de tão emocionada e nervosa que eu estava naquele
momento! Foi cesariano. Eu vi do meu lado que a minha pressão estava 22. Até
que ouvi a voz do Sílvio, meu primo e meu médico, mandando desligar o ar
condicionado. E em seguida um choro forte e preguiçoso. Meu primo falou:
- Ou pulmão bom! Kkkk
Fiquei escutando e esperando, me trazerem ela! Foi quando a
pediatra chegou e disse:
- Dona Beth, está aqui a sua filha!” Quando eu virei e vi
minha filha toda enrolada numa manta azul e olhei para ela, ela me deu uma
encarada, que eu fiquei sem jeito. Nós estávamos sendo apresentadas ali. A
primeira coisa que perguntei a pediatra foi se ela era normal e se estava bem?
Ela respondeu que sim. Depois levou ela para os procedimentos de limpeza,
essas coisas. Quando a pediatra saiu da sala de operação, e os médicos estavam
ainda fechando a minha barriga, meu marido estava lá na porta esperando e ela
perguntou se ele era o pai dela? Ele correu e assim que olhou para ela, ela
abriu o berreiro kkkk e ele aflito disse que podia levá-la que ele não queria
atrapalhar. Depois meu marido ficou de plantão enquanto ela ficou no berçário,
olhando e vendo tudo que as enfermeiras faziam. E assim nasceu a Minha
Paulinha.
(2) Foto. Aqui fomos fazer um passeio na Praia de
Iracema, que estava ganhando uma nova estrutura e hoje em dia, está ganhando
outro trato para ficar melhor e mais bonita! Ela com o pai dela. Eu tirei essa foto acima.
Beth Fernandes